quarta-feira, 28 de março de 2012
Máximo
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
O Belo Horizonte x O Belo Vertical
Pra variar, submersa em cogitações e especulações. Em busca de que? Um sinal? Uma luz a apontar a saída do meu túnel? Mundo, mundo, vasto mundo... Repleto de tramas, dramas, armadilhas e estupefação. Cheio do inusitado, do novo, da busca... Mas... Buscando o que mesmo? Experiências a serem degustadas, universos a serem compartilhados? Até onde a busca é combustível de evolução? A partir de quando se torna empecilho à construção? Há um limite tênue entre arriscar-se na vida e arriscar a vida. Penso que todos concordamos que viver é um risco, porém penso que por vezes levo isso muito a risca, deixando ao vento a tarefa de rubricar o rumo dos meus passos. E descobri que terceirizar a autoria da vida é coisa séria. E que ao contrário do que ocorre nos negócios jurídicos entabulados pelos homens, não há transferência de responsabilidade. A vida cobra, às vezes em dobro, daquele que não a conduz. Nesse processo, eu, que amo o SIM, tenho descoberto a libertação pelo NÃO. Pensando bem, pode ter muito do sim no não. E assim, realizo que o espaço vital é uma fronteira composta e sins e nãos. Lugar o qual me cabe, a dimensão precisa de mim mesma. A conjugação individual perfeita dos opostos compõe a autêntica personalidade, o permitido e o proibido para mim, eu saindo de mim, permitindo-me ser eu própria, idiossincrática, inexorável, única. Permitindo-me ser cognoscível e verdadeira (ou verdadeiramente cognoscível) no desvelar de outros espaços também vastos, não em horizontes, mas em verticalidades. O Belo Vertical. Capital do meu estado atual.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Transpondo o horizonte do eu...
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Só para ilustrar...
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então só eu que sou vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
As pedras (e tombos) do caminho
Telefone toca e anuncia que o chão já não estava sob meus pés.
Dói cair. Principalmente em público (as risadas alheias já ecoando em minha cabeça).
Eu tão necessitada de afirmação, negada, simplesmente. O tipo ideal platônico norteando meus parâmetros, minhas escolhas e julgamentos. Ou se preferirem, os contos de fadas nos quais fui doutrinada, o capitalismo selvagem a que sou subjugada. Acho que não é problema exclusivo meu, afinal, em pleno século XIX, o poeta lusitano ironizou: "todos meus conhecidos têm sido campeões em tudo".
Outros diriam qualquer coisa sobre "natureza humana". E essa humanidade que me é tão inerente, nesse estágio ainda bárbaro do desenvolvimento das potencialidades do homem enquanto sapiens, invoca as sensações mais primitivas e, paradoxalmente, induz a rechaçá-las, essa mesma humanidade, que denota construtivismo, racionalidade.
Sim. Todos nós estamos sujeitos à catástrofes, tanto individuais (como a minha de mais cedo) e até mesmo como espécie. Mas todos nós somos capazes, ao menos potencialmente, de respirar fundo (funciona, pelo menos às vezes) e escolher o caminho mais leve. Sem que isso signifique preguiça. Preguiça de nhém, nhém, nhém. É pouco o tempo pra vida que há nessa vida tão cheia de morte e na qual se morre desde que se nasce.
Aos poucos vamos lapidando as pedras no caminho do nosso crescimento. Paulatinamente descobrimos os véus que usamos como interface para o mundo (conscientemente ou não) a fim de nos protegermos. E nos permitimos à autenticidade quando manejamos o mundo com nossas próprias mãos. As pedras não são, assim, meros obstáculos, o infortúnio da estrada, mas desafios para evolução individual do homem.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Toca Binária
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Poetando
Da fruta, entendo o comer
E que a melhor goiaba é a do pé
Travosa ou doce
Até bichada
E quanto à verdade duvido até da minha
Aprendi a relatividade das coisas
Inclusive a relatividade da relatividade
Minha bússola é minha intuição
E de tempo... Só conheço o agora
E não entendo dessas coisas de esperar
Meu desejo é com urgência
Se der vontade,
Subo a goiabeira
Arranco a fruta
E mordo
Na hora
A goiaba
Mas não morro esperando maturar.
Goiaba boa é a que tiver no pé...